Eu saí de casa (Testemunho dele)







Cheguei no meu limite insuportável, ou eu saia, ou eu saia, pra mim, não havia outra alternativa, não existia outra opção, eu saí de casa.



O Bruno sempre foi um cara tranquilo, quem me conhece sabe, nunca criei inimizades, briguinhas com ninguém, sempre bem sossegado, quieto e discreto.



Lá pelos meus vinte e poucos anos conheci minha esposa e desde o primeiro momento em que a vi, tive a certeza que iria me casar com ela, e eu disse isso a ela, a verdade mais absoluta na minha vida era ela, e eu nunca fiquei tão envolvido emocionalmente com alguém. A pedi em namoro, depois em noivado, depois em casamento, e então tivemos filhos. Tudo como manda o “figurino”. Tudo dentro dos conformes. Ou melhor, quase tudo...



Em 10 anos de convivência, tudo normal, tranquilo. Porém, os 2 últimos anos, já bem desgastados pela rotina, não tínhamos mais respeito, amizade, amor e cumplicidade, eles já não faziam parte de nossas vidas como casal. Eu sabia que ainda a amava e tentava de tudo para manter a paz na nossa casa. Mas por vezes isso parecia uma missão impossível. Tudo começou a desandar e eu conheci uma outra versão da minha esposa, que também trouxe uma outra versão de mim mesmo, uma versão ruim, que eu não deseja nunca ter conhecido.



A partir de então, o que nos mantinha vivendo debaixo do mesmo teto era a nossa filha, somente ela segurava minha vontade de fugir.



Minha filha e eu sempre fomos muito apegados e grudados. E pensar em sair de casa, me machucava demais, a distância seria uma grande tortura para nós dois. Ela só tinha 5 anos de idade, na época.



Mas ao mesmo tempo não achava certo ela crescer presenciando as desavenças entre o pai e a mãe, muito menos ouvindo discussões agressivas e em alto tom.



Depois de 2 tentativas mal sucedidas de sair de casa na terceira eu consegui. Só consegui porque chegamos a um ponto extremo e perigoso, e também porque naquela sexta-feira eu me encontrava sozinho dentro de casa, e foi mais fácil. Não suportaria sair pela porta ouvindo o pranto da minha filha. Minhas lágrimas naquela noite sobre minha mala pronta foram lágrimas de fracasso, por ter falhado e não ter conseguido manter a integridade estrutural da minha própria família.



Foram muitas as tentativas de reconciliação, muitas conversas, muita promessa, nenhuma cumprida. Até tratamento terapêutico de casal tentamos. Tudo isso sem sucesso, até que joguei a toalha e resolvi por em prática meu plano de sair de casa.



Naquele momento o inimigo comemorou a sua vitória achando que havia vencido a guerra, e eu também, porém mal sabia que aquela seria apenas uma batalha de muitas outras que estavam por vir.



A partir daquele momento fiquei cego, a sensação de liberdade me trouxe de volta o bem estar e a falsa felicidade que eu tanto procurava. Foi como se tirasse todo o peso das minhas costas e me desse o fôlego que eu precisava para continuar minha vida, agora sozinho.




Eu me sentia muito bem, encontrei pessoas que me apoiaram na minha escolha e andaram ao meu lado, confirmando tudo aquilo que eu achava estar correto. Isso me fortalecia ainda mais.




Meu pensamento girava em torno da teoria de que se meus pais haviam se separado, e não morreram disso, eu não seria o primeiro a morrer após uma separação. Varias pessoas se separam, amigos, conhecidos, parentes. E isso foi o que o mundo me mostrou lá fora.




Logo na segunda-feira pela manhã estava eu sentado junto ao meu advogado para agilizar todas as tratativas para um divórcio rápido. Pois até então essa era a vontade minha e de minha esposa, e tudo seria consensual e rápido ao meu ver. Papéis prontos e assinados, pensão determinada e vida que segue. Isso era o que eu mais almejava naquele momento. Cego! E ali o inimigo também comemorava mais batalha vencida.



Mas algo inesperado aconteceu, para meu espanto minha esposa voltou atrás, de repente ela disse que não assinaria consensualmente e que se eu quisesse mesmo o divórcio seria tudo de forma litigiosa. Isso me deixou muito irritado, fiquei com muita raiva pois atrasaria todos os meus planos.



Depois disso ela disse que pocurou uma advogada e me pediu uma semana para análise dos documentos do litigioso. Mas de fato, esse não era o meu desejo, porém era minha única saída.



Então decidi dar a ela essa semana. Na semana seguinte estava eu novamente cobrando sobre o andamento do divórcio. Não tive resposta dela. Passaram alguns dias a mais até que solicitei a intervenção do meu advogado para tentar contato com ela e a reposta dela foi a seguinte: “Eu não vou assinar papel algum pois Deus irá restaurar o meu casamento e o que Deus uniu o homem não separa”.


Foi exatamente nessa semana que o Espírito Santo começou a agir na minha vida de uma forma extraordinária. Mesmo tempo que eu me irritei ao extremo com a atitude dela, O Espírito Santo e os vídeos que a ela me mandava sobre Deus, sobre o matrimônio pela Bíblia, a maneira que ela me tratava, ela estava mudada, não era mais aquela, tinha algo de bom nela.

Algo que até o momento jamais havia visto, ou vivido. E neste momento, eu me encontrava mais fragilizado pelos acontecimentos e pela distância da minha filha, e até alguns comportamentos dela, me fizeram refletir um pouco mais sobre todo o desfeixo.



Ali eu me perguntei: “O que eu estou fazendo da minha vida? Minha filha merece viver com essa perda assim como vivi com a separação dos meus pais? Por que não dar um final diferente a essa história?”.



Eu não precisava mais ser orgulhoso e nem me preocupar com o que os outros pensariam sobre minha escolha de voltar atrás. E naquele momento eu ainda não sabia, mas o que eu mais queria era minha família de volta.



As pessoas lá fora não eram como eu imaginava, muito pelo contrário, quando eu ainda estava em casa o mundo lá fora parecia colorido, e me vendia uma felicidade que depois não pode me dar, eu me sentia perdido e soZinho no meio delas, e cada segundo a mais tinha certeza de que eu não me parecia nada com elas. Sabe aquela velha frase, se arrependimento matasse, eu teria morrido.Se eu tivesse pensado um pouco mais, teria feito diferente. Elas não puderam me dar o que eu precisava! Nenhuma delas! Tudo não passou de uma ilusão, de uma tentativa de esquecer, de sustentar firme minha decisão, mas quanto mais eu me enganava, mais eu me encontrava.



Resolvi tirar as vendas dos olhos e abrir meu coração para Deus entrar, e ali entendi o por que minhas buscas de reconciliação não faziam efeito. Estava na cara, é lógico que minha família não progrediria. Nossas portas estavam fechadas para que Deus entrasse. Estávamos afastados de Deus há tempos, e isso fez toda a diferença dali em diante.


O inimigo morou em minha casa e destruiu minha família, e de mãos dadas saiu comigo pela porta a fora e me levou para o mundo. Durante os 2 meses em que fiquei fora de casa fui do céu ao inferno. E quando pensei em voltar, não me sentia digno da minha esposa, foi muito difícil. Porém para o meu Deus nada é impossível. Não existe nada tão corrompido aos olhos dos homens que não possa ser restaurado pelo amor de Deus.



Hoje Deus é a nossa base, e os pilares da nossa família é o amor e o respeito. Hoje minha esposa é a melhor coisa que eu poderia ter, me respeita e eu devolvo com amor, eu dou amor e ela me devolve com respeito. Quando temos dúvidas abrimos o nosso manual, a Bíblia, e ali estão todas as repostas que precisamos para seguir em frente. Juntos.



O inimigo e suas setas ainda nos perseguem, e entendemos que nessa guerra espiritual a destruição da família é o seu principal objetivo, mas hoje nosso cordão é bem mais forte, hoje são três dobras que não se romperão com facilidade. E que Deus seja louvado por restaurar a minha família, pois nada pode substituir a família, e que Ele possa restaurar a sua também.






Com amor, e até a próxima






Bruno.
Leia também o Testemunho dela.























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